ECF no Lucro Real: desvendando a declaração para empresas
Publicado em 30 de junho de 2025
Brasil | Jornal ContábilA Escrituração Contábil Fiscal (ECF) é uma obrigação anual imposta pela Receita Federal do Brasil que substituiu a antiga Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ). No próximo mês de julho, vencerá o prazo para o envio dessa importante obrigação acessória.
Para as empresas que operam sob o regime tributário do Lucro Real, a ECF assume uma importância ainda maior, sendo a principal ferramenta para demonstrar o cálculo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
Vamos tirar algumas dúvidas sobre essa obrigação tão importante.
O que é a ECF e por que é importante para o Lucro Real?
A ECF é um documento digital que detalha todas as operações que influenciam a base de cálculo e o valor devido do IRPJ e da CSLL. Para empresas no regime do Lucro Real, isso significa apresentar de forma minuciosa:
- Demonstração do Lucro Real: A apuração do lucro líquido do período-base, ajustado por adições (despesas não dedutíveis) e exclusões (receitas não tributáveis ou dedutíveis), que resulta na base de cálculo para o IRPJ.
- Demonstração da Base de Cálculo da CSLL: Similarmente ao IRPJ, a CSLL tem sua base de cálculo definida a partir do lucro líquido, com ajustes específicos.
- Livros Contábeis e Fiscais: A ECF integra informações do Livro Diário, Livro Razão, e outros livros fiscais, garantindo a rastreabilidade e a conformidade das informações contábeis e fiscais.
- Detalhamento de Ajustes: Apresentação clara de todos os ajustes (positivos ou negativos) realizados na apuração do lucro, como depreciações, amortizações, despesas indedutíveis, etc.
- Compensação de Prejuízos: O registro e controle de prejuízos fiscais de períodos anteriores que podem ser utilizados para compensar lucros futuros, um benefício importante do regime do Lucro Real.
A complexidade do Lucro Real, que exige a apuração do imposto com base no lucro contábil efetivamente auferido pela empresa, torna a ECF uma ferramenta essencial para que a Receita Federal fiscalize a correta aplicação das normas tributárias e a conformidade dos contribuintes.
Prazo de entrega e penalidades
O prazo para a entrega da ECF, anualmente, é até o último dia útil do mês de julho do ano-calendário subsequente ao da escrituração. Portanto, a ECF referente ao ano-calendário de 2024 deve ser entregue até o dia 31 de julho de 2025.
Multa pelo atraso no envio da ECF 2025
O descumprimento do prazo ou a apresentação de informações incorretas ou incompletas na ECF podem gerar multas significativas para a empresa, além de dificultar processos como a compensação de prejuízos fiscais e a obtenção de certidões negativas de débito.
Para empresas que apuram o IRPJ e a CSLL pelo Lucro Real, a multa é calculada em 0,25% por mês-calendário ou fração sobre o lucro líquido antes do IRPJ e da CSLL do período a que se refere a apuração. Essa multa é limitada a 10% do valor do lucro líquido.
Existem limites máximos para essa multa:
- R$ 100.000,00 para empresas que no ano-calendário anterior tiveram receita bruta total igual ou inferior a R$ 3.600.000,00.
- R$ 5.000.000,00 para as empresas que não se enquadram no limite anterior.
Para as demais pessoas jurídicas (Lucro Presumido, Lucro Arbitrado, Imunes e Isentas):
A multa por atraso é equivalente a 0,02% por dia de atraso, calculada sobre a receita bruta da pessoa jurídica no período a que se refere a escrituração, limitada a 1% desta.
Além da multa por atraso, a Receita Federal também pode aplicar penalidades quando a ECF é entregue com dados incorretos, omitidos ou inexatos. Nesses casos, a multa é de 3% sobre o valor omitido, incorreto ou inexato, com um valor mínimo de R$ 100,00.
É importante ressaltar que a Receita Federal tem intensificado a fiscalização das informações declaradas, cruzando dados com outras obrigações e com as próprias informações contábeis.
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